A Corrupção: Pesadelo ou Realidade?

Hoje de manhã bem cedo, quando me dirigia para o Porto e vinha a ouvir as notícias na rádio, deparei-me com uma certa inquietação: será que de repente em Portugal toda a gente é corrupta ou só agora é que a justiça começou a levantar o "tapete para ver o lixo que para lá tinha sido varrido"? Qualquer das hipóteses deixa-me ainda mais receoso.
Como é que voltaremos a ter confiança em entidades, que apesar de nem sempre funcionarem de forma perfeita, eram as que eu considerava intocáveis, no que diz respeito à integridade e coerência? Corrupção e tráfico de influências em política são já bem conhecidos do grande público, e até encarados com uma certa normalidade. Lembro-me dos casos de Felgueiras e Gondomar ou da gestão danosa levada a cabo pela administração do porto de Sines.
Outro exemplo é o futebol. Sou portista, mas não sou fanático nem burro. Para mim é muito difícil não associar um dirigente desportivo a conceitos como "malandro" ou "ladrão". Basta ver os exemplos que todos os dias nos surgem na televisão. O processo do Apito Dourado está a revelar alguns podres do futebol português. Infelizmente, não são apenas os dirigentes do Porto ou do Boavista. Vemos casos que também envolvem membros da direcção benfiquista ou da Académica.
É claro que os mais acérrimos podem dizer "inocente até prova em contrário". O problema é que as provas já começam a ser muitas e sentenças não existem, os processos acabam por ser arquivados. E isto deixa-me ainda mais melindrado pois só quer dizer que os tentáculos da influência e do poder chegam aos órgãos de justiça, e aí o caso fica mal parado: uma democracia sem entidades capazes de regularem os valores que sustentam uma sociedade passa a ser uma anarquia ou uma selva. Mas isto só deve querer dizer progresso, não é? Basta olhar para o que se passa nos EUA actualmente e fica-se a perceber como se ganham eleições com votos inexistentes ou se consegue tornar uma guerra no Iraque baseada em interesses muito próprios de certas companhias e empresas num combate ao terrorismo.

P.S.: Já agora, em relação ao processo do Apito Dourado e à Sra. Carolina Salgado aqui vai um pequeno comentário:

A cultura neste país deve estar mesmo mal quando qualquer pessoa sem conhecimentos literários, sentido de criatividade ou arte escreve um livro (eu já desconfiava disso depois dos senhores Santana Lopes e Manuel Maria Carrilho também terem publicado). Acho é uma piada a senhorita querer o estatuto de "arrependida" para testemunhar contra o Pinto da Costa. Calculo que esteja muito arrependida de ter mandado os brutamontes (a mando do "Jorge Nuno", claro!) partirem a cara ao ex-vereador da câmara de Gondomar. Haja paciência!!!