Monday, December 18, 2006

A vergonha

Em pouco mais de 2 décadas de existência nunca sentira tanta vergonha e repúdio em ser português como em Março de 2003 quando Durão Barroso apoiou em nome de Portugal, mas à revelia do povo português, a estratégia de invasão dos EUA e de Inglaterra ao Iraque. Aqui ficam algumas palavras publicadas pela revista Visão a 14 de Março de 2003:

"Adiada a votação da proposta norte-americana para um nova resolução, que daria luz verde à guerra, e que conta com o apoio britânico e espanhol, o Presidente George W. Bush marcou para este fim-de-semana uma cimeira com os seus aliados. O local escolhido foi os Açores e o primeiro-ministro português, Durão Barroso, também vai estar presente.

Fontes da Administração Bush adiantaram à Associated Press que em cima da mesa estarão as possíveis estratégias para conseguir fazer passar no Conselho de Segurança da ONU a polémica resolução e ainda os cenários de um Iraque sem Saddam Hussein, no pós-guerra.

Segundo o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer, o Presidente norte-americano apanha um avião para Portugal no domingo.

Bush já tinha feito saber que, sem o apoio das Nações Unidas, a sua intenção era a de formar uma coligação com os seus aliados mais próximos. As mesmas fontes da Casa Branca incluem neste lote os britânicos e os espanhóis.

Gorados os esforços diplomáticos norte-americanos para conseguir, pelo menos, nove votos favoráveis dos países membros do Conselho de Segurança da ONU, Bush terá dado luz verde aos seus colaboradores para marcarem a cimeira com a Grã-Bretanha e a Espanha. Tony Blair concordou de imediato com a reunião, o mesmo acontecendo com Aznar.

Como é sabido, além de apoiar uma acção unilateral dos Estados Unidos no Iraque, Portugal coopera ainda com o seu aliado norte-americano através da concessão da Base das Lajes, na ilha Terceira, Açores. A notícia da realização da cimeira nas ilhas portuguesas terá sido, com certeza, recebida com agrado por Durão Barroso, tão contestado nos últimos tempos pelo apoio incondicional que manifestou em relação aos Estados Unidos.

Contra grande parte da opinião pública e o próprio Presidente da República (que defende o esgotamento da via pacífica para a crise iraquiana), o primeiro-ministro veio a público afirmar que os aliados de Portugal são os norte-americanos e não os iraquianos, pelo que, caso os EUA decidam avançar sem o apoio da ONU para a guerra, o nosso País estará a seu lado. Já anteriormente, Durão Barroso assinara uma carta, com mais sete líderes europeus, de apoio à política norte-americana.

Esta posição tem valido fortes críticas ao primeiro-ministro, que agora vê os seus esforços compensados com a realização de uma cimeira – que muitos já crêem decisiva – em território nacional e com a sua presença."

Visão, 14 de Março de 2003



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